Fernando Malheiros
O Centro Cultural da terra, além de uma memória afectiva de tantos de nós que frequentaram as aulas do ensino primário na escola instalada no edifício para os dois sexos, pois tinha instalações para o masculino e para o feminino, guarda uma lembrança, nunca apagada, do benfeitor que lhe comprou o terreno e a mandou construir, e começa a tornar-se um “ex-libris” de cultura multifacetada, em nossos dias, pelas muitas disponibilidades que oferece à população.
Vamos por partes.
O Centro Cultural está instalado no magnífico edifício que foi escola do ensino primário da freguesia durante mais de 65 anos. Sucessivas gerações de alfenenses por ali passaram (também a minha geração, o que recordo com afecto e saudade), e que à mesma e à dedicação dos seus professores, devem os caminhos de sucesso que trilharam na vida.
Já o mostramos nesta janela aberta, aquela escola foi dádiva do Senhor Comendador Matos que, comprado o terreno, a mandou edificar e que foi aberta ao ensino no dia 26 de Julho do ano de 1927, em cerimónia luzidia, perante autoridades civis, escolares e religiosas, tendo sido dedicada à memória da filha única do doador, a menina Idalina Matos, falecida com 20 anos de idade. O seu busto esculpido em mármore, ainda hoje lá está, no fecho do frontispício.
Construção degradada, fechada ao ensino, entregue pelo Estado à Câmara Municipal de Valongo em 1993, tudo levou a Junta de Freguesia a pugnar pelo seu aproveitamento para um Centro Cultural, voltado para objectivos juvenis e não só. Continuaria a servir a cultura e a educação, vontade do benfeitor, e a permanecer como ponto de encontro do povo de Alfena. Um sonho e um desejo que um caminho longo, com espinhos, tortuosidades e invejas, fez alongar ainda mais, com lutas desnecessárias. Onde há homens…malquerenças aparecem!
O Centro Cultural de Alfena, hoje, está de pé, bem visível, em construção apata e bem restaurada, pronto a cumprir o seu fadário de sede polivalente de cultura, de encontro de gerações, da fraternidade solidária das gentes e da realização de uma agenda sempre carregada de programas e de porta aberta a tudo quanto seja válido, promissor de futuro melhor.
Houve o cuidado, honra aos técnicos, de manter o carácter e a nobreza do edifício existente. Foram mantidos os traços e as paredes exteriores e demolido todo o miolo da construção que, além das salas de aulas, integrava as residências dos respectivos professores, uma de cada lado. Arquitectada a remodelação foram inteligentemente aproveitados todos os espaços. Ao nível do segundo piso, um auditório com palco, biblioteca, espaço de exposições e área administrativa, comportando uma repartição da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados. No inferior, primeiro piso, sala polivalente, bar, arrecadação e sanitários. No logradouro exterior, um grande espaço, foi criado um palco ao ar livre, uma zona de esplanada ou auditório multi - funções devidamente iluminado e ajardinado, com condições para permanência agradável, para grandes exposições ao ar livre e espectáculos. De um dos lados, o que está voltado para norte, um parque facilita o estacionamento dos caros de quantos queiram aceder ao Centro.
Contam-se por números altos os acontecimentos culturais que, entretanto, encheram a agenda das realizações do Centro Cultural, que animaram os seus protagonistas e quantos os visitaram, a eles assistiram, por entre espectáculos de música e de som, exposições fotográficas de carácter científico, de pintura e de trabalhos escolares, de presépios, de exibições teatrais, de lançamento e apresentação de livros…eu sei lá! E as portas do Centro Cultural continuam abertas a todas as iniciativas, mesmo as promovidas por instituições ou particulares, que desejem honrar, ou ser honrados, num espaço tão emblemático. O Centro Social Paroquial da Vila, apesar de possuir espaços nobres para as mais diversas actuações, já tem usado, honra lhe seja, as áreas do Centro Cultural para palco de seus eventos.
Na Vila de Alfena reside uma população viva, entusiasta, realizadora. O seu progresso urbanístico, viário, industrial e comercial o atestam. No plano cultural também se percorrem caminhos inovadores. O Centro Cultural é um pólo de promoção, de formação e de inovação. E a antiga escola primária do centro da freguesia que ao longo de mais de seis décadas foi o berço da educação e da primeira cultura das suas gentes é, hoje, um pólo moderno, de futuro avançado para uma cultura integrada e promissora.
Jornal "O Primeiro de Janeiro"
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